Home Insights Blog Blog - Mineração e refino de metais Principais desafios dos serviços de manutenção na mineração
abr 25, 2022

Principais desafios dos serviços de manutenção na mineração

Em decorrência da pandemia de Covid-19, os acessos de serviços de manutenção ficaram limitados gerando grandes desafios para as empresas devido às restrições sanitárias, começando com o uso e desenvolvimento de novos equipamentos de proteção pessoal e colocando a segurança em primeiro lugar.
Nesse painel, especialistas discutem quais foram as estratégias adotadas para manter a produtividade das operações sem descuidar da segurança dos colaboradores. O painel mediado por Verônica Fincheira, Gerente Geral do Conselho de Competências Mineiras do Chile, conta com a presença de Aline Simões, Gerente de Beneficiamento Caraiba Mineração Brasil; Paulina Jaramillo, Vice Presidente de Gestão de Ativos e Confiabilidade Anglo American Chile e Manuel Valverde, Gerente Estratégico de Ativos e Confiabilidade da Anglo American, no Peru.

1. Quais das lições aprendidas durante a pandemia foram positivas e poderão ser mantidas para a manutenção e a continuidade operacional?

Aline Simões:

A Caraíba Minería é uma produtora brasileira de minério de cobre, localizada no norte do estado da Bahia. Temos uma planta de beneficiamento com mais de 40 anos de história operacional, e é nosso principal ativo. Ao longo destes anos, tem sido um grande desafio manter esta equipa em pleno funcionamento. Durante a pandemia, os desafios foram ainda maiores. Primeiro, como dar continuidade a todo o trabalho, todo o plano e estratégia de manutenção em meio a uma pandemia, dando continuidade às atividades mas, acima de tudo, mantendo a segurança de nossos colaboradores. Então nossa principal ação foi adotar estratégias de segurança. A empresa foi muito rápida, junto com todos os outros setores de segurança, medicina e recursos humanos. A rapidez na aplicação de protocolos muito rígidos fez com que o quadro de funcionários continuasse com planos de manutenção adequados, mesmo com a retirada imediata de funcionários-chave, aqueles que estavam em maior risco. No entanto, com muita resiliência e apoio de todo o staff, conseguimos implementar rápidas mudanças na forma como operamos, realizando reuniões online, aumentando o distanciamento social, com rotinas de higienização das mãos muito frequentes, e uso constante de máscaras que, nas atividades de manutenção acaba sendo um pouco mais fácil porque já é um EPI comum nessas atividades. Assim, um conjunto de ações muito contribuiu para a continuidade de nossas atividades de manutenção, mantendo nossa planta e ativos em pleno funcionamento e antecipando toda a situação ainda desconhecida e inesperada que estava por vir. Então, um dos nossos grandes desafios foi ajustar nossas atividades a essa nova realidade, e aplicar esses protocolos em nossa rotina operacional, mantendo a segurança de todos em primeiro lugar.

Paulina Jaramillo:

Gostaria de compartilhar as lições aprendidas em 3 aspectos. O primeiro são os bons planos de contingência que a empresa desenvolveu e que permitiram que mantivéssemos nossos colaboradores seguros e saudáveis. Segundo, os sistemas digitais que nos permitiram não perder a comunicação e garantir, assim, a continuidade operacional. Por fim, todo o desenvolvimento digital que avançou mais do que havia avançado em 10 anos e que deu um grande suporte à equipe de manutenção e também à toda organização.

Manuel Valverde:

Sempre falamos muito sobre a segurança dos trabalhadores no local de trabalho, tendo cuidado para que os protocolos fossem cumpridos e sempre nos guiando pela questão de segurança. Porém, não éramos tão explícitos na questão da saúde. Agora, isso gerou uma mudança total. Não devemos nos concentrar somente na saúde física, mas também olhar para a saúde mental de cada pessoa. E isso precisa estar claro, muito claro. Precisamos garantir que cada trabalhador chegue são e salvo em sua casa, mas que também tenha um local adequado e saudável para a realização do seu trabalho. Além disso, a inovação precisava começar a acontecer. Foi um momento difícil, mas pudemos seguir adiante.

2. Quais foram os focos principais e as medidas adotadas para poder continuar com os serviços de Manutenção?

Aline Simões:

As principais estratégias foram imediatamente direcionadas ao controle de nossas reservas, os insumos críticos. Tudo isso ocorreu em um contexto em que ainda era bastante difícil imaginar por quanto tempo essa situação continuaria (ou continuará). Por isso, imediatamente realizamos uma forte reestruturação da logística de abastecimento com nossos fornecedores e parceiros; Foi uma estratégia que foi adotada imediatamente. Houve um inevitável aumento de custos em todos os setores, além da dificuldade logística de trazer os especialistas que sempre nos apoiam. Portanto, é um conjunto de desafios que devem ser superados todos os dias. No entanto, grandes oportunidades também surgiram ao longo desse período. A entrada muito rápida da mídia, que já fazia parte de nossas rotinas operacionais, ainda que muito lenta. Mas com a pandemia, isso aconteceu muito rapidamente. Foi necessário o conjunto de ações de abastecimento, revisão de planos estratégicos e equipamentos, equipamentos críticos em nossa linha de produção, atuação na prevenção de problemas e falhas que possam surgir, revisão de nossas atividades e rotina operacional. Assim, a confluência dessas atividades nos fez permanecer em operação e dar continuidade às atividades de manutenção de nossa planta.

Paulina Jaramillo:

Nossas prioridades tiveram como base os critérios de risco para deixarmos a menor quantidade possível de pessoas expostas. Focamos na continuidade das operações, identificando os serviços críticos, as pessoas importantes e também a flexibilidade que tivemos com a empresa de serviços, que são os nossos sócios estratégicos. Tudo isso possibilitou o êxito da continuidade operacional durante a pandemia.

Tal flexibilidade foi possível porque sabíamos a situação da empresa de serviços e eles também compreendiam nossa situação como empresa de mineração. Assim, criou-se um círculo em que os objetivos ficaram muito claros e os papéis bem definidos nessa relação.

Nossos protocolos de segurança foram aplicados a todos de forma igual; nossos colaboradores cumpriram tudo de forma impecável e isso fortaleceu a relação e gerou uma fidelização que beneficia o setor.

Manuel Valverde:

Sabemos que, devido à pandemia, surgiram muitos protocolos que restringiam os acessos das pessoas. Algo que vimos foi a restrição das movimentações de equipes para as tarefas, o número de grupos. Sendo assim, foi necessário priorizar as pessoas que precisavam realizar atividades manuais nas operações. Enquanto atividades, como planejamento, ficaram restritas ao home office. Acredito que isso tenha feito com que víssemos quais outras formas de trabalho especializado, apesar das restrições, podíamos realizar. Uma coisa que observamos, por exemplo, foi o uso dos smart glasses para poder passar as informações aos especialistas de outros países. Tivemos que fazer esse tipo de coisa durante a pandemia para poder oferecer suporte aos tipos de serviços de Manutenção.

3. Como as tecnologias e a digitalização puderam ajudar os funcionários da manutenção durante a pandemia?

Aline Simões:

Com a chegada da tecnologia que muitos imaginavam que seria produzida em poucos anos, e como já foi dito, a pandemia acelerou demais esse processo, foi essencial, quase uma questão de sobrevivência de todos, uma ação muito forte com o uso da tecnologia, da mídia, da internet que se tornou parte permanente de nossas atividades. Hoje estamos online quase 24 horas.A comunicação por todos os sistemas, as reuniões com a equipe, a tecnologia facilitou a realização das atividades com distanciamento social. Sem dúvida, o uso da tecnologia, que cresce a cada dia na Manutenção, é fator primordial para que as empresas continuem, cresçam e se desenvolvam. Porque hoje em dia investir nessas tecnologias de manutenção é uma grande mudança cultural, que alguns ainda precisam passar, já que esses investimentos ainda são vistos como despesas. Este tipo de custo é considerado uma despesa e não um investimento. Portanto, é essencial que haja uma mudança cultural. É preciso enxergar que qualquer investimento feito em Manutenção trará resultados futuros, aumento de produtividade e eficiência, redução de custos operacionais. É isso que mantém e garante que as empresas continuem cada vez mais eficientes. Por isso, não há dúvidas sobre a necessidade de implementar essas tecnologias em nossas práticas.Um grande desafio é como adaptar ou trazer equipamentos, por vezes já obsoletos, a esta nova realidade. É fácil quando já temos algo pronto, que já podemos operar, mas mudar toda a estrutura de uma planta existente ou atualizar e automatizar essa planta para a nossa realidade é um grande desafio. E isso requer uma equipe muito bem treinada. Portanto, nossa grande dificuldade é obter e manter esses profissionais qualificados. Então, para termos sucesso junto com a tecnologia, os equipamentos, o software e os sensores, que nos ajudam muito, é preciso ter gente capacitada para cuidar de tudo isso.Por fim, forneça dados suficientes para uma estratégia de tomada de decisão, o que é essencial. Não basta ter a tecnologia, os equipamentos em operação, mas é preciso ter uma mão de obra qualificada para dar continuidade a esse trabalho, sua interpretação e desenvolvimento, até atingir níveis estratégicos de decisão. Principalmente neste momento em que vivemos, onde a crise acaba levando à necessidade de tomar decisões fortes. Então a tecnologia veio para nos dar esse suporte.Sem dúvida, esta pandemia mostrou, muito rapidamente, o caminho sem volta que devemos seguir em termos de implementação de rotinas operacionais cada vez mais autônomas e eficientes, trabalhando com dados, não sendo Manutenção baseada em suposições, falhas e correções . , mas sempre atuando de forma preventiva, evitando grandes paradas, grandes investimentos e custos, perdas de produção irreparáveis. Então esse conjunto de equipamentos e a Indústria 4.0 vêm para contribuir com tudo isso. Paulina Jaramillo: 

Acredito que a possibilidade de estarmos conectados sem estarmos presencialmente foi o maior benefício. Caiu por terra essa crença inconsciente de que, ao fazer parte da equipe de Manutenção, essa pessoa deve estar no local no dia a dia. A realidade aumentada, o monitoramento on-line, a possibilidade de realizar inspeções virtualmente permitiu que o universo da Manutenção se abrisse às novas tecnologias que, por muito tempo, permaneceram em campos de atuação muito restritos.

Antes acontecia a duplicação do trabalho on-line com o trabalho de campo. Porém, agora, os trabalhos em campo atuam em situações específicas e necessárias. Agora, cada aspecto do on-line e do presencial atua em conjunto e, assim, mantém tudo em atividade.

Os desafios são a estabilidade de rede e das comunicações, ou seja, a parte de hardware. Porém, o mais importante é como nos adaptamos, como pessoas, a essa nova forma de trabalho e de olhar nosso dia a dia.

Além disso, há diversas habilidades que não havíamos identificado, que estavam diante dos nossos olhos e que hoje são essenciais para obtermos o maior valor agregado possível ao nosso setor.

Manuel Valverde:

Muitos dos agentes que prestam serviços para nós puderam atuar com bem mais rapidez, já outros tiveram problemas com a implementação. Acredito que quanto às vantagens, cada um poderia definir se foi possível se adaptar de forma rápida em termos de tecnologia. Como abordar o tema de reuniões virtuais etc., sem afetar a produtividade das empresas. Acredito que, para as empresas que puderam absorver essa vantagem competitiva e abraçar a tecnologia que as move, manter um efetivo de monitoramento remoto é algo que trará muitas melhorias de produtividade. Prestar serviços remotamente, sem estar no local, já é uma realidade que será implementada nos próximos anos.

Essas entrevistas fizeram parte dos painéis do Fórum Sul-Americano Metso Outotec que reuniu esses e outros importantes profissionais da mineração do Brasil, Chile e Peru. Encerrando as entrevistas, Cristian comenta que não há dúvidas de que estamos vivenciando uma mudança cultural no setor, no qual todos somos responsáveis por assumir um protagonismo e impulsionar essa mudança tão importante. Esse é um ponto crucial para o desenvolvimento da mineração.

O vídeo da gravação do painel pode ser visto aqui em nosso canal do YouTube: Principais desafios dos serviços de manutenção na mineração - YouTube

 

Veja o vídeo
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Painel sobre os desafios dos serviços de manutenção na mineração durante o Fórum Sul-americano da Metso Outotec. Verônica Fincheira, Gerente Geral do Conselho de Competências Mineiras do Chile
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